21 de dezembro de 2011

"As mulheres podem lutar sem deixar de ser femininas"


"As mulheres podem lutar sem deixar de ser femininas"

Dona de 5 títulos mundiais no jiu-jitsu e famosa pelo quimono rosa, Kyra Gracie revela qual o título mais especial da carreira e os benefícios da luta.
Madson Moraes 20/12/2011

As alcunhas para ela são muitas. Musa do jiu-jitsu, Gracie Girl, Musa dos Tatames. A comparação de campeã nos tatames e campeã de beleza é inevitável. Além disso, ela carrega um sobrenome de peso no esporte brasileiro. Kyra Gracie, de 26 anos, é da quarta geração de lutadores do clã Gracie, família responsável por introduzir o jiu-jitsu no Brasil e tornar-se referência mundial para o esporte. 


Aliás, é impossível associar o jiu-jitsu brasileiro sem os Gracie. O estilo de luta desenvolvido pelos patriarcas Carlos e Hélio continua sendo o legado e motivo de orgulho para a família. "O jiu-jitsu criado pela minha família tem o objetivo de ser uma arte de defesa pessoal, a única no mundo onde uma pessoa fraca consegue vencer uma mais forte por meio de alavancas", explica Kyra. 

Mas o talento de Kyra tem, digamos, uma característica mais especial. Ela é a única mulher da família a competir profissionalmente, além de ser a única faixa-preta dos Gracie. E olha que o clã é numeroso: seu bisavô, Carlos Gracie, teve 21 filhos. Além também do sobrenome de peso, Kyra leva na bagagem cinco títulos mundiais de Jiu-Jitsu e três títulos do ADCC World Submission Fighting (luta agarrada). 

Um desses títulos tem um sabor especial. "O meu Mundial em 2009 foi importante porque em 2008 eu tinha ficado em segundo lugar, tive uma lesão na coluna e acabei ficando um ano fora do circuito por conta dessa lesão. Então, eu voltei e consegui ser campeã na minha categoria e foi um momento marcante pela superação pessoal", explica a lutadora. 

Marca registrada: o quimono rosa 
Uma marca registrada de Kyra Gracie é o quimono rosa que ela usa nos tatames. A ideia veio com o objetivo de tornar o esporte mais feminino. Quando criança, ela fazia balé e adorava aquela roupinha rosa. Foi daí, então, que veio a ideia para o quimono rosa. 

"Meu objetivo é mostrar que as mulheres podem lutar sem deixar de ser femininas", diz Kyra que, fora dos tatames, é vaidosíssima, por sinal. Sempre que tem um tempo disponível permanece horas no salão de beleza, além de praticar kitesurf e snowboard nas horas de folga dos treinos físicos. Se ela já usou algum golpe específico na balada por causa de algum engraçadinho? "Não, ainda não", brinca a lutadora. 

Se você pensa que ela come comidas normais, engana-se. A famosa "Dieta Gracie" é rigorosíssima e batata-frita ela nem sabe o gosto. A dieta, criado pelo bisavô, Carlos Gracie, foi criada para tornar as próximas gerações mais fortes e Kyra é um exemplo disso. Posar nua? "Meus tios me matariam", brinca a lutadora.


Tatames na infância 

O jiu-jitsu, para o clã Gracie, começa desce cedo e com Kyra não foi diferente: ela iniciou o esporte aos 11 anos de idade e aos 16 já competia internacionalmente. Um dos grandes incentivadores foi o avô, Robson Gracie, além dos seus tios. "Tenho a sorte de ter meus ídolos dentro de casa", revela a esportista. Talvez a grande surpresa para os fãs de MMA seja a entrada de Kyra na categoria, um evento que tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil. "Não posso dizer que é certo, mas estou estudando propostas", afirma.

Mas o jiu-jitsu não está apenas nos tatames: Kyra trouxe esporte dos tatames e o transformou em projeto social. A ONG Kapacidade foi fundada em 2010 com o objetivo de ensinar o esporte às crianças carentes de Vargem Grande onde, atualmente, atende mais de 150 meninos e meninas que participam do projeto que, em seu quadro de professores, conta com o ator Cláudio Heinrich. "Mais do que campeões no tatame, queremos formar campeões na vida", completa Kyra. 

Os benefícios do jiu-jitsu para as mulheres 

Os benefícios são enormes para as mulheres. Em uma situação de defesa pessoal, para uma mulher defender-se de um homem mais forte é difícil, mas com as técnicas do jiu-jitsu ela consegue se desvencilhar usando o próprio peso e força do adversário contra ele mesmo. "As posições da luta são baseadas em alavancas e isso para a mulher é essencial, ainda mais no mundo em que vivemos hoje tão perigoso", explica a esportista. 

Além disso, o corpo muda e para melhor quando a mulher pratica o esporte. A começar pelo estético: o jiu-jitsu trabalha todos os músculos do corpo, principalmente o abdômen, os ombros, os braços e o quadril. Além disso, a prática do esporte acelera a capacidade cardiovascular e respiratória, além de aumentar a flexibilidade corporal. Isso sem contar que o jiu-jitsu ameniza os sintomas do estresse e da TPM. Em apenas uma hora de treino você pode chegar a perder 1.500 calorias. Ou seja, modela seu corpo e ainda ajuda a se defender. 




Leia a entrevista completa que o Tempo de Mulher fez com a lutadora!

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